" Quando alguma coisa importa,
tudo se torna importante. "

Oblíqua ressaca de mar.

15 março, 2009

 

Tudo começou numa promessa que Capitu me fez .
Chegou a ser cumprida , mais na verdade não durou o quanto nós imaginavamos que duraria.
O meu fim era evidente , porém eu queria mesmo
era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência.
Capitu tinha os olhos, e olhares que eu mais desejei em toda minha vida.
Olhos de cigana dissimulada e oblíqua, como dizia José Dias. Eu não sabia o que era oblíqua...Mais dissimulada eu sabia.
Ela tinha tanta malicia e inocência naqueles olhos .
Na forma de pentear os seus lindos cabelos negros.
Na forma de olhar para mim , de beijar-me.
Me senti tão homem quando pude pela primeira vez sentir seus lábios nos meus.Ela me tornou homem , me fazia sentir-me como tal.
Os motivos que me fizeram pegar a pena e escrever até aqui , foi somente um único : Capitu .
Conheci as regras de escrever sem suspeitar das do amor.
Retórica dos namorados, dai-me uma comparação exata e poética para dizer o q foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca de mar ... ora puro , suave e calmo. Ora forte , traiçoeiro...
Oh! minha doce companheira da meninice. Eu era puro, e puro fiquei, e puro entrei na aula de S. José, a buscar de aparência a investidura sacerdotal, e antes dela a vocação. Mas a vocação era ela , a investidura era ela.
Na despedida , para o seminário, não falavamos nada . Capitu olhava para o chão e eu olhava também , mas na verdade ela olhava para dentro de si , enquanto eu olhava para o chão mesmo.
Capitu tinha de suas fraquezas e fragilidades. Mais era mais mulher do que eu era homem .
Naquele dia , percebi que prazos largos são fáceis de subescrever . A imaginação os faz infinitos.
E alí ficamos somando as nossas ilusões, os nossos temores, começando já a somar as nossas saudades.A insônia, musa dos olhos arregalados não me deixou dormir naquela noite .
Eu vivia pra ela, dela e nela que nem me lembrava dos rapazes da vizinhança. Ora, há só um modo de escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal.
Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convidando à construção ou reconstrução de mim mesmo. Por exemplo, agora que contei um pecado, diria com muito gosto alguma bela ação contemporânea, se me lembrasse, mas não me lembro; fica transferida a melhor oportunidade.
Quando Capitu permitiu que eu a pentiasse ,percebi que o trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis. pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito. Se isto vos parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena, nunca pusestes as mãos adolescentes na jovem cabeça de uma ninfa.
Como quisesse falar para disfarçar o meu estado. Chamei algumas palavras cá de dentro. Mas elas encheram a minha boca sem poder sair, nenhuma. Todas as palavras recolheram-se ao coração, murmurando.
A minha memória ouve ainda agora as pancadas do coração naquele instante. Mas não esqueças que era a emoção... do primeiro amor. No casamento , por um momento a percebi aborrecida , e perguntei-lhe :
- Estás aborrecida de mim ?-
-Eu?-Parece.-
-Você à de ser sempre criança Bentinho.- Disse ela fechando-me a cara entre as mãos e chegando muito seus olhos aos olhos meus - Então eu esperei tantos anos para aborrecer-me em sete dias?
Aquilo me fez acreditar que : Eu amava Capitu . E Capitu me amava.
Em uma de minhas piores crises de ciúmes, desejei mata-la. Ver que meu filho crescia , e se tornava cada vez mais identico ao falecido homem que eu mais confiei em toda minha vida. Não a matei por não ter à mão ferro nem corda, pistola nem punhal- mas os olhos que lhe deitei, se pudessem matar, teriam suprido tudo.
Quando finalmente perdi a todos, que dei-me conta do que desperdicei .Joguei fora e perdi a oportunidade que fazer a junção que eu tanto queria , de velhice a adolescência...Pelo maldito ciúmes.
Não me restou nem mesmo a José Dias. Foi-se a mulher. Foi-se o filho. Foi-se o amigo. Foi-se a mãe, os tios e o conselheiro.Se somente me faltasse a eles , vá lá. Mais faltava a mim mesmo. E esta é a lacuna de tudo. Faltou a mim , em todos os momentos .E este foi o fim que sucedeu a toda minha vida... O próprio fim.

5 comentários:

ingrid - disse...

LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDA *-*
( eu conheço esse texto ^o) ) kkkkkkkkk

te amo te amo :*

Unknown disse...

legal
xD

se puder
http://sonabrisa.nomemix.com/

Mariana Lopes disse...

eu assisti o curta inteiro quando passou na globo, tipo, é perfeeeito. já rodeio atrás do livro pra ler, mas não acho em canto nenhum.
Tipo, eu me apaixonei pelo seu blog garotaaa :) principalmente por causa do texto de Capitu *-*

Mariana Lopes disse...

vo ver se acho lá na biblioteca :D obrigada pela dica.
eu espero não exclui esse nem tao cedo sabe? o último eu exclui sem querer mesmo, apertei no botão errado ;x asdfasdfasdfasdfsadfsafd 'tapada'

BEIJOOS MLR :)

H. Steiner' disse...

nem assisti quando passou D:
/quedroga ¬

bom, virei seguidora *-*